Parâmetros do Diodo

Muita coisa importante pode ser feita a partir do poder que o doido tem de permitir a passagem da corrente elétrica num só sentido, vedando-lhe a passagem no sentido inverso. Tais poderes não são, contudo, infinitos, como todo e qualquer componente eletrônico, os diodos também tem seus limites ou parâmetros, que não podem ser ultrapassados na prática, sob pena de dano ao componente! Os principais limites dos diodos são:


Máxima Corrente Direta (IF), ou seja, a maior corrente que o componente permite transitar, quando polarizado no sentido direto.
Máxima Tensão Reversa (VR) ou seja, a maior voltagem que o diodo é capaz de segurar, quando polarizado em sentido inverso.

Esses parâmetros são os mais importantes e devem ser sempre ser levados em conta, nas experiências, projetos ou aplicações. Os dados de IF e VR, normalmente, apenas podem ser obtidos nos próprios catálogos dos fabricantes, ou nos manuais ou data books.

Vamos repassar os tipos e códigos mais usados no dia-a-dia, ao lado de seus parâmetros principais e dados sobre aplicações típicas.

DIODOS DE BAIXO SINAL

CÓDIGO
MATERIAL
VR (V)
IF (A)
APLICAÇÕES TÍPICAS
1N34
Germânio
60
0,25
Demodulação de RF
1N60
Germânio
60
0,25
Demodulação de RF
1N66
Germânio
60
0,25
Demodulação de RF
OA90
Germânio
30
0,03
Demod. RF e apli. Gerais
OA91
Germânio
115
0,05
Aplic. Gerais
1N914
Silício
75
0,075
Aplic. Gerais/ alta veloc.
1N916
Silício
75
0,075
Aplic. Gerais/ alta veloc.
IN4148
Silício
75
0,2
Aplic. Gerais/ alta veloc.
1N4448
Silício
75
0,2
Aplic. Gerais/ alta veloc.

DIODOS RETIFICADORES
CÓDIGOS
MATERIAL
VR (V)
IF (A)
APLICAÇÕES TÍPICAS
1N4001
Silício
50
1
Retificação/ aplic. gerais
1N4002
Silício
100
1
Retificação/ aplic. Gerais
1N4003
Silício
200
1
Retificação
1N4004
Silício
400
1
Retificação
1N4007
Silício
1000
1
Retificação
1N5400
Silício
50
3
Retificação/alta corrente
1N5401
Silício
100
3
Retificação/alta corrente
1N5402
Silício
200
3
Retificação/alta corrente
1N5403
Silício
300
3
Retificação/alta corrente
1N5404
Silício
400
3
Retificação de potência
1N5406
Silício
600
3
Retificação de potência
BY126
Silício
650
1
Retificação
BY127
Silício
1250
1,5
Retificação

Esses dois grupos básicos de diodo oferecem uma boa margem de escolha para as aplicações típicas, em experiências, montagens definitivas e projetos. O parâmetro máxima corrente direta (IF) de um determinado diodo deve ser sempre maior do que a corrente que realmente percorrerá o componente, sob funcionamento normal e constante, no circuito ou dispositivo no qual esteja instalado. Como norma geral, devemos utilizar um diodo com IF de 1,5 a 2 vezes maior do que a corrente real calculada ou medida no circuito. Se isso não for respeitado, o componente irá se aquecer e, sob funcionamento prolongado, terminará por queimar-se. Assim, por exemplo, se um cálculo ou medição determinar uma corrente real de 0,6ª num certo diodo, devemos usar um componente com IF de 1ª, para dar a devida folga e garantia de funcionamento sem problemas.

Também o parâmetro máxima tensão reversa (VR) deve ser consideravelmente maior, na prática, do que realmente calculado ou medido (tensão real). A margem de segurança recomendada é também de 50% a 100% (1,5 a 2 vezes...), como o que um diodo que deva segurar uma tensão inversa de, por exemplo, 400V convém que apresente uma VR de 1000V, e assim por diante. O não cumprimento desse preceito poderá gerar a queima do diodo a qualquer transiente (surto momentâneo de sobre-tensão).

Por falar em transientes, é bom lembrar que esse nome esquisito representa o imponderável, o imprevisível, o imedível, onde num determinado circuito, cujo funcionamento tenha sido rigorosamente parametrado e calculado, usamos um diodo (exemplo) para 1000V, sabemos previamente, que a máxima tensão real que o diodo deve aguentar será de aproximadamente 500V. Se o dispositivo for alimentado diretamente pela rede C.A  e esta, numa noite de tempestade, receber uma descarga elétrica atmosférica e os dispositivos de aterramento e proteção da própria Cia. De Eletricidade local não estiverem perfeitos, na ocasião, bye bye diodo (e, provavelmente, bye bye também para tudo o mais que estiver ligado à tomada). É certo que o exemplo ilustra uma ocorrência radical, e contra a qual literalmente não há defesa. Entretanto, outros transientes não tão bravos, mais ainda assim fortes o suficiente para estourar componentes cujos parâmetros não estejam devidamente folgados, podem ocorrer devido a causas diversas: um momentâneo curto na rede elétrica, um contato indevido (gerado pelo vento movimentando fios cujos isolamentos já tenham ido para a “cucuia”, entre cabagens de 110 ou 220 volts e outras que conduzam tensões industriais, muito mais altas. E assim por diante.

E justamente para tentar prever o imprevisível que damos margens ou golga na parametragem dos limites básicos dos componentes, em qualquer situação ou aplicação! Só em casos muito emergenciais e provisórios admite-se o uso de componentes com parâmetros de tensão e corrente muito próximos do nominal.

Por Gricer Jr
Técnico da Griço Eletrônica e Informática

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