Efeito Magnético da Corrente Elétrica

Podemos fazer muitas coisas com a corrente elétrica, e suas aplicações práticas são quase que infinitas. A criatividade do homem tem, ao longo dos últimos séculos, descobertos e inventado um monte de jeitos e maneiras de se usar a corrente para finalidade as mais variadas. Podemos guardar a corrente na forma de carga elétrica, com uso de capacitores, podemos obter dela calor ou luz através de resistores especialmente dimensionados, etc. E que tal se pudéssemos, simplesmente, enviá-la de um lugar a outro, transferí-la ou induzí-la em outro local, que não aquele na qual ela foi produzida ou inicialmente introduzida. Efeitos magnéticos da corrente tem uma importância na eletricidade e eletrônica que obrigatoriamente, deve ser assunto visto, uma vez que uma série enorme de componentes absolutamente essenciais ao circuito e aplicações, tem seus princípios de funcionamento totalmente baseados nos efeitos magnéticos da corrente.


Esse assunto constitui bases muito importante e portanto, devem ser lidos, entendidos e praticados com o máximo de convicção e interesse, devendo ser intuídos e guardados para sempre, já que no futuro, em abordagens mais complexas, tais como conceitos básicos serão obrigatoriamente usados como alicerces de outros assuntos. Quem por acaso, apenas agora está chegando ao curso, deve obrigatoriamente ler os artigos e postagens anteriores.

Há muitos e muitos anos, pioneiros dos estudos da eletricidade descobriram que quando a corrente elétrica percorre um condutor qualquer, estabelece-se, em torno desse condutor um campo magnético. Convencionou-se representar ou simbolizar tal campo magnético através de linhas de força, cuja direção depende do sentido da corrente no dito condutor, e cuja intensidade é proporcional à da corrente.

Toda corrente, percorrendo qualquer condutor, gera, em torno deste, o tal campo magnético, cujo valor ou intensidade é apenas e tão somente determinado pela intensidade da corrente. Assim, independente do tamanho, forma, etc. do condutor, se a corrente for fraca, teremos um campo magnético fraco, se a corrente for intensa, teremos campo magnético também forte. Assim, se estabelecermos o mais simples caminho prático para a corrente elétrica, ou seja, um elo de fio interligando os polos de um conjunto de pilhas, teremos, ao longo de todo o fio, a manifestação do campo magnético, na forma de linhas de força circular e concêntricas (até em torno das próprias pilhas, também teremos o campo, já que elas fazem parte do circuito ou do caminho percorrido pela corrente, ao mesmo tempo em que a está gerando.

É também importante ficar claro que, uma vez estabelecida a corrente no condutor, o tal campo magnético não surge instantaneamente, mas leva algum tempo para se formar completamente e atingir sua máxima intensidade. Desde o momento em que a corrente é aplicada ao condutor, até o instante em que o campo magnético se estabiliza na sua máxima intensidade, decorre, portanto, um tempo finito e mensurável. No diagrama, aplicada a corrente “I” ao condutor/fio, supondo que “T” é uma unidade arbitrária de tempo, decorrido “T” teremos uma linha de força, decorrido tempo equivalente a “2T” teremos duas linhas de força, e, decorrido tempo “3T” teremos o campo em sua arbitrária intensidade máxima e estável de três linhas de força. É lógico que estamos lidando e explicando as coisas com analogias e símbolos extremamente simplista, mas em essência, as coisas acontecem assim.

Um truque simples para intensificar o campo magnético eletricamente gerado. Nos exemplos referimo-nos ao condutor na forma de um fio reto e relativamente curto. O campo magnético gerado nessas circunstâncias é fraco, já que suas linhas de força estão distribuídas, por assim dizer, ao longo de todo o comprimento do condutor, mesmo se considerarmos uma corrente intensa no dito condutor. Muito pouca coisa prática podemos obter, ou fazer, com essa intensidade . Entretanto se enrolarmos um condutor mais longo podemos obter uma substancial concentração das linhas de força, conseguindo com isso um campo magnético muito mais intenso.

As linhas de força se concentram no interior da bobina, vamos fazer uma analogia simples, para entender por quê isso ocorre: se tivermos um fio condutor, com 1 metro de comprimento, esticadinho, percorrido por determinada corrente podemos atribuir um valor arbitrário ao campo magnético gerado. Vamos dizer que esse valor seja “100”. Parece lógico admitir que então, cada centímetro do fio gera um pedaço do campo magnético total, com valor de “I”. Outro cálculo simples nos dirá que em 10cm desse fio, teremos um campo magnético com intensidade 10. Se, contudo, enrolarmos o fio todo em forma de bobina, de modo que o conjunto assuma um comprimento total de apenas 10cm, teremos, mecanicamente 1 metro condensado em 10 centímetro. Acontece que, nesses 10cm teremos todos os 100cm do metro e, consequentemente, todas as 100 unidades do campo magnético original. Vamos prosseguir nesse raciocínio: agora temos em 10cm 100 unidades de campo magnético, ou seja, a cada centímetro da dita bobina, teremos 10 unidades de campo magnético.

Enrolando o fio condutor, podemos apertar as linhas de força, obtendo mais campo por centímetro. Esse, entretanto, é um truque que tem seus próprios limites, quais sejam a espessura do fio, o diâmetro que determinarmos para a bobina, etc. Se no interior da bobina colocarmos um núcleo de material ferroso, esse material proporciona uma concentração ainda maior das linhas de força, com o que podemos obter um campo menor em tamanho, porém muito mais forte, em intensidade localizada. A qualidade das linhas de força continua a mesma, porém elas ficam tão apertadinhas, que o caminho magnético medido num ponto bem próximo à bobina é intensíssimo.

O que ocorre é que as linhas de força, ainda um tanto dispersas numa bobina simples, com o núcleo, tendem a formar um campo fechado, com as tais linhas sendo emitidas por uma das pontas do núcleo e recolhidas pela outra extremidade, fazendo com que, em ponto bem próximo da dita bobina, a quantidade de linhas por centímetro seja bastante incrementada.

Em tempos relativamente recentes, descobriu-se que poderiam ser feitos, industrialmente, núcleos para condensação das linhas de força, tão bons do que os de material ferroso natural, a partir de um composto à base de cerâmica e partículas de ferro ao qual se deu o nome de ferrite. Dentro do seu rádio, televisor, vídeo-cassete, etc., tem uma pá de bobinas enroladas sobre núcleos de ferrite. Na natureza, contudo, existem os chamados imãs naturais, minérios ferrosos que já tem a propriedade do magnetismo. Existem causas físicas, geológicas e astronômicas para a ocorrência de tais matérias. Foi com esse materiais, encontrados na natureza, já com seu magnetismo natural, que os antigos inventaram a bússula, sem a qual eles não saberiam pra que lado é a frente.

Um pedaço de material naturalmente dotado de magnetismo sempre tende a apontar uma das suas extremidades para determinada direção. Isso ocorre porque nosso planeta Terra age também como um enorme imã natural, devido a concentração de materiais ferrosos nas camadas mais interiores e centrais. A Terra com seus Polos Magnéticos Norte e Sul geográficos. Da mesma forma, um imã natural tem seu polo magnético norte e sul. Ocorre que, se tivermos dois imãs alguns interessantes fenômenos de atração e repulsão se manifestam:

As extremidades ou polos de nome diferente (Norte com Sul ou vice-versa) se atraem;
As extremidades ou polos de nome iguais (Norte com Norte ou Sul com Sul) se repelem.

Assim, se laminarmos um pedaço de imã natural na forma de uma agulha, e pivotarmos tal agulha em torno de um eixo central bem equilibrado, o polo sul magnético do imã/agulha procurará sempre apontar para o polo norte magnético da Terra. É isso a tal de bússola. A regra da mão direita é se segurarmos uma bobina com a nossa mão direita, de modo que os dedos apontem para o sentido convencional da corrente, do positivo para o negativo, ao levantarmos o polegar, este indicará o polo magnético norte da dita bobina, ou seja, o ferro corrente, tem seu polo norte na posição indicada pelo polegar do segurador. Observar que para esse truque dar certo, os dedos devem agarrar a bobina fazendo a mesma curva que o fio condutor faz, em torno do núcleo.

Um eletroímã, portanto, comporta-se magneticamente de maneira idêntica à de um imã natural, com polos de nome igual repelindo-se, e polos de nome diferente atraindo-se. Podemos comprovar isso aproximando de uma bússola, tanto um pedaço de imã natural, como um eletroímã: ambos gerarão a mesma deflexão da agulha.

Por Gricer Jr
Técnico da Griço Eletrônica e Informática

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