Junto com o resistor, o capacitor é um dos mais importantes componentes, sempre encontrado em quantidade relativamente grande, em todo e qualquer circuito eletrônico. Em essência, um capacitor é constituído a partir de duas placas condutoras separadas por meio isolante. As placas condutoras são chamadas de armaduras, enquanto que o meio isolante que as separa é chamada de dielétrico. As placas condutoras são dotadas de terminais também metálicos, aos quais podemos realizar ligações e conexões diversas. Quanto ao dielétrico, na prática, qualquer material isolante pode ser industrialmente usado na sua confecção. Assim encontramos, na prática, capacitores dielétricos de poliéster, cerâmica, mica, óleo, vidro ou mesmo ar.
A presença do material
isolante entre as placas do capacitor, impede a passagem de corrente contínua,
es esta for aplicada aos terminais do componente. Sua construção e princípios
elétricos permitem que o componente armazene energia nas suas placas. O
capacitor serve para retardar ou temporizar (voltagem) em
determinado ponto de um circuito.
Estando o capacitor em
repouso, ambas as suas placas têm a mesma carga elétrica e, portanto, o
componente está inerte, não havendo diferença de potencial entre seus
terminais. Ligando-se o interruptor, o terminal positivo das pilhas atrai os
elétrons livres existentes na placa do capacitor a ele ligado. Perdendo
elétrons, essa placa do capacitor assume carga positiva em relação à outra
placa. O terminal negativo das pilhas, por sua vez, tem elétrons sobrando, que
são então fornecidos à outra placa do capacitor. Assim, após um certo tempo, o
capacitor assume uma carga elétrica, manifestada na forma de uma diferença de
potencial (tensão) entre suas placas ou terminais. Esse tempo depende
unicamente do próprio valor do capacitor. Assim, se esperarmos um pouco, após o
ligamento do interruptor, podemos desliga-lo e retirar o capacitor do arranjo,
que este guardará a diferença de potencial de 6 volts, com a qual se
carregou.
Um capacitor pode armazenar
cargas maiores ou menores na razão direta do tamanho das suas placas. Assim,
quanto maior forem as superfícies das placas condutoras, mais carga o capacitor
pode guardar. Também quanto mais isolante e fino for o dielétrico, maior valor
de capacitância
podemos obter no componente. Se o dielétrico fosse um isolante perfeito e
também o meio onde o capacitor estivesse localizado fosse um absoluto isolante.
FARAD (UNIDADE DE CAPACITÂNCIA) –
Usamos com frequência, o nome do cientista que descobriu importantes
princípios, como indicador de grandezas inerentes e determinado tipo de
componente ou comportamento dos circuitos. Assim a capacitância é
convencionalmente medida em farad. Entretanto, da mesma forma
que verificamos com os resistores, nem sempre a unidade de medição é de uso
prático permanente. No caso dos capacitores, então a coisa é ainda mais
evidente, já que um farad representaria a capacitância de um enorme componente.
Devido ao fato da capacitância ser diretamente proporcional ao tamanho das
placas. Na prática, usamos nos circuitos, capacitores de valores muito menores
do que 1 farad. Assim, para fugir de notações com um monte de zeros depois da
virgula, escrevemos os valores dos capacitores, no dia-a-dia usando sub-multiplos
do farad. Um capacitor pode ser feito de mil maneiras diferentes. Normalmente,
costumamos denominar os tipos ou modelos de capacitores a partir do material
que é usado como dielétrico.
POLIÉSTER – Geralmente quadrado
ou retangular, muitas vezes com faixas coloridas. São feitos de um filme de
poliéster (plásticos) muito fino, metalizado em ambas as faces, enrolado de
modo que uma grande área de placas possa se confrontar.
DISCO CERÂMICO – Como indica
o nome, o dielétrico (isolante) utilizado é a cerâmica, contendo superfícies
metálicas. O tamanho é pequeno e a forma é circular.
PLATE – Muito pequeno,
geralmente apresentando valores baixos de capacitância.
SHICKO – Uma variante industrial
do capacitor de poliéster.
POLICARBONATO – Também semelhante
ao poliéster. Forma retangular, corpo um pouco mais espesso, geralmente
apresentando capacitância um pouco mais elevada nas suas séries comerciais.
POLIESTIRENO – Pequeno,
cilíndrico, baixos valores, usado na maioria das vezes em circuitos que
envolvam parâmetros rígidos de alta frequência.
CAPACITORES ELETROLÍTICOS – Quando
definimos a construção física dos capacitores, mostramos que o componente é
formado por duas placas condutoras. Quando precisamos de capacitores maiores,
esses isolantes não representam uma boa solução industrial. Nesses casos, a
solução dos fabricantes foi o chamado capacitor eletrolítico, cujo
dielétrico (miolo isolante) é formado quimicamente.
Quanto à disposição dos
terminais, os eletrolíticos são normalmente divididos em dois tipos básico:
1. Com
terminais axias, o terminal positivo que sai da peça a partir da
extremidade marcada com uma espécie de reentrância.
2. Com
terminais radias, os dois terminais saem do mesmo lado da peça,
marcando-se o positivo com um comprimento maior.
A maioria dos eletrolíticos de
uso corrente apresenta tensão de trabalho até 100V, porém existem também
componentes para tensões maiores. Os eletrolíticos múltiplos, ou seja, numa
só caneca são enfiados mais um capacitor, de modo que o envoltório metálico
geral perfaz o papel de negativo para todos os capacitores lá embutidos.
TENSÃO MÁXIMA DE TRABALHO
– Além do seu valor de capacitância, o componente tem ainda outro importante
parâmetro a ser considerado, e que deriva do próprio material empregado com
dielétrico, condicionando a sua aplicação em circuitos ou arranjos que trabalham
sob tensões específicas. Dependendo do material isolante usado, o componente
pode resistir a tensões máximas diferentes. Os capacitores não eletrolíticos
(não polarizados) podem, normalmente, aguentar tensões mais altas. Podem ser
obtidos, nesses modelos, capacitores que suportam até alguns milhares de volts.
Tais capacitores, entretanto, devido às especiais exigências quanto ao
dielétrico, apenas valores relativamente baixos.
Esse importante parâmetro tensão
máxima de trabalho é sempre indicado pelo fabricante, no próprio corpo
do componente, através de códigos específicos. De qualquer modo, alguns pontos
são importantes à respeito, e devem ser sempre lembrados. Um capacitor não pode
ser ligado a uma tensão superior `sua máxima voltagem de trabalho. Se no corpo
do componente está marcado que ele é para até 16 volts, não o ligue sob 30
volts, pois o componente vai queimar.
O tamanho do componente também
é diretamente proporcional à tensão máxima do trabalho. Capacitores com tensões
máximas de trabalho superiores à voltagem presente nos pontos onde serão
ligados seus terminais, podem ser utilizados sem medo, de modo geral. Assim se
determinado circuito pede um capacitor para 100V, um componente para 250V pode
substituir o de 100V, sem problemas. Uma margem de segurança bastante confiável
é usar-se sempre um capacitor com tensão máxima de trabalho equivalente ao
dobro da tensão realmente presente sobre seus terminais. Isso garante que o
componente trabalhará “folgado”.
Quanto aos eletrolíticos, como
na verdade eles só se tornam capacitores reais a partir do momento em que são
submetidos à tensão, não é recomendável a utilização de componente para tensão
muito maior do que a realmente presente sobre seus terminais. Como regra geral
podemos considerar que a tensão de trabalho real não deve ser inferior a 10% da
tensão marcada sobre a peça. Assim, num circuito onde a tensão real seja menor
que 6 volts ou mais, provavelmente não funcionará corretamente.
Os capacitores também têm suas
deficiências, geradas por dificuldades industriais praticamente
intransponíveis. A principal deficiência dos capacitores é a chamada fuga
de corrente. Essa fuga ocorre devido ao fato de não haver um isolante
perfeito e absoluto. Assim, por melhor que seja, todo dielétrico permitirá uma
certa passagem de corrente, capaz de descarregar o capacitor, ainda que ele
esteja sem ser utilizado, após ter recebido carga. Nos componentes não
eletrolíticos, normalmente essa fuga é tão pequena que pode ser desprezada,
para efeitos práticos, na maioria das aplicações. Já nos eletrolíticos a fuga é
substancial e mensurável, devendo ser levada em conta quando calculamos os
valores para determinadas aplicações circuitais mais rígidos.
A CONSTANTE DE TEMPO – O capacitor
como temporizador, talvez ainda mais importante do que o poder que tem de
guardar uma carga elétrica, seja a possibilidade de se usar o componente como
autêntico temporizador, uma vez que o capacitor pode retardar uma mudança
de tensão em determinado ponto de um circuito. O tempo que o capacitor leva
para assumir, na sua carga, uma certa tensão, é diretamente proporcional ao
valor do resistor, quanto maior o valor do resistor, maior também o tempo que o
capacitor leva para atingir determinada tensão. O tempo é também diretamente proporcional
ao próprio valor do capacitor.
Basicamente esse fenômeno se
deve ao seguinte: o resistor atrapalha a passagem da corrente, segurando os
elétrons e fazendo com que eles, cheguem do capacitor, mais lentamente. Por
outro lado, um valor alto de capacitância, leva mais tempo para se encher com
elétrons.
Por Gricer Jr
Técnico da Griço Eletrônica e Informática
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